Durante quase todo o mês de maio, o Brasil sediou um importante evento em nosso cenário gastronômico. O Brasil Sabor é um festival que reúne vários restaurantes e bares em diferentes cidades e incentiva a criação de um prato com traços da culinária local, para apresentar seus sabores aos clientes. É uma oportunidade para reunirmos os paladares nacionais em construções elaboradas e, claro, deliciosas. Nessa edição, há uma novidade interessante: o Brasil Sabor tem um apelo mais competitivo, oferecendo algo novo no cardápio por um preço especial. Isso porque agora existe a promoção Prato em Dobro, na qual comprando o prato do festival, seu acompanhante ganha outro. Uma ótima oportunidade para todos provarem o que há de melhor nas casas que optaram por aderir a promoção, respeitando, claro, os horários escolhidos por cada uma das casas participantes.
Na Mata Café
NOTA: 2/5
Sobre:
O Na Mata Café é um dining club bem localizado em Lourdes, com um cardápio com influência das steak houses americanas, e vários drinks para acompanhar a culinária bem temperada. Infelizmente a casa funciona num sistema de franquias, impossibilitando a unidade em questão de obter certa individualidade, provavelmente privando qualquer tentativa de sua cozinha em se regionalizar e criar algo verdadeiramente criativo. Participante de um conceito onde o maior atrativo da casa são os eventos, o estabelecimento cobra entrada de seus clientes em todas as noites, deixando pouca oportunidade para aqueles interessados em conhecer a parte gastronômica do local e atrelando um valor consideravelmente elevado aos seus clientes, até mesmo quando a nomeada atração não passa de uma pessoa e um Macbook. De qualquer forma, já visitamos o Na Mata antes, e você pode conferir outras impressões clicando aqui.
Prato do festival: Bife de tira com trilogia de risoto (corte nobre retirado da picanha maturada servido com 3 tipos de risoto: açafrão, tomate cereja com amêndoas e alho poró):
Preço: R$49,00 por pessoa
Montado a partir de uma carne de fato boa, num perfeito ao ponto de cerne rosado, o prato começava forte e agradável. Se de um lado seu preparo era ótimo e seu tempero imponente, doutro sua combinação com o risoto, empapado, sem sabor e completamente dispensável definitivamente não era das melhores. A começar pela estranha parceria, onde um corte duro e robusto era acompanhado por algo que normalmente é diretamente assimilado à sutileza e suavidade, fazendo do todo algo quase vergonhoso de se ver num prato. Para piorar ainda mais a discrepância entre as partes, o risoto por si só não satisfazia, sendo servido completamente fora do ponto e com temperos deveras ignoráveis, tornando qualquer um dos três sabores um verdadeiro terror. Fosse o de tomate cereja com amêndoas, que sem qualquer amostra de suas sementes não obtinha aquela dimensão a mais, ou até do mais fraco de todos, o risoto de açafrão que por sua vez não tinha o suficiente do ingrediente título, se transformando apenas num amarelado arroz empapado, ou finalmente da iguaria de alho poró que, apesar de todos os defeitos, felizmente adicionava certo toque agridoce à carne primordialmente salgada. Ao final um prato fadado ao fracasso que não conseguia em nenhum ponto surpreender, se mantendo tão sem graça quanto sua parede de parmesão decorativa.
Assacabrasa
NOTA: 1/5
Sobre:
O Assacabrasa é um bar bem abrasileirado, que oferece buffet de saladas e carnes pré-preparadas na hora do almoço e um sutil menu de petiscos a la carte para a janta. De ambiente simples bem no estilo buteco, a decoração da casa é funcional, com bebidas empoleiradas em qualquer bancada, balcão ou até viga disponível, deixando a vista da casa bastante crua e transferindo o foco de seus clientes inteiramente para a programação televisiva que estiver acontecendo no dia.
Prato do festival: Provoleta – Provolone servido na frigideirinha de ferro, com molho pomodori, acompanhado de mini pão de alho:
Preço: R$25,90
A provoletinha do Assacabrasa, bem diferente dos outros pratos que conhecemos no festival, é claramente um petisco, pequeno e suficiente apenas para acompanhar o carro chefe da casa, as carnes. Falando sobre os sabores, devemos assumir – e notem que somos fãs de comida bem temperada – que o provolone, um queijo já forte, estava bem salgado. Na verdade, salgado ao ponto em que comer do queijo se transformava numa lenta tortura, ressecando a boca de maneira tal que nem a torneira aberta de chopp seria o bastante para amenizar a situação ali oferecida. O resultado então era um queijo desagradavelmente exagerado que, apenas semi derretido, conseguia se salvar de seu completo desastre apenas por seus acompanhamentos, um agradável molho de tomates adocicados e uma trinca de pequenos pães de alho que certamente funcionavam melhor por si só do que junto de seus teóricos membros principais.
Ah bon!
NOTA: 2/5
Sobre:
O Ah bon! é um daqueles restaurantes com um ar de cafeteria chique que se mistura harmonicamente com sua parcela de confeitaria. Se de um lado o tipo do estabelecido é extremamente agradável, doutro ele remove consideravelmente o destaque que poderia recair sobre sua carta de pratos, podendo até desestimular seu chefe e seus cozinheiros à buscar algo realmente marcante para o quesito. Seu ambiente – note que falamos da unidade que ofereceu o prato do Festival, localizada na Rua Fernandes Tourinho – é requintado, bem decorado e intimista, mantendo sua mobília escura e um estilo monocromático de pé-direito duplo muito bem dosado. Para completar o visual seu atendimento é simpático e levemente distante, mantendo-se no padrão “chique” de não se envolver muito com os clientes a não ser quando explicitamente solicitado.
Prato do festival: Involtine de lombo com aspargos frescos e espinafre acompanhado de batata confit:
Preço: R$38,00
Se a casa tinha tudo para surpreender com sua ambientação elegante, o prato oferecido para o festival simplesmente não surpreendia. Apesar de bonito e com proposta super atraente o prato se apoiava exclusivamente em sua carne, um teórico lombo que certamente não se portava como tal, obtendo uma porção avantajada de gordura que resultava num pesado e desagradável molho por todos os legumes do prato. Para completar o prato uma boa porção de diversos legumes apenas parcialmente cozidos, que se mantinham consideravelmente mais enrijecidos que o agradável, além de um ótimo molho que, infelizmente, uma vez misturado à gordura que escorria da carne tinha toda sua presença e suavidade sobrepostas.
Don Pasquale
NOTA: 4/5
Sobre:
O Don Pasquale é o tipo restaurante familiar brasileiro, com atendimento agradável, um ar de domingo e a clássica culinária italiana, uma combinação perfeita para se conciliar as diversas gerações da família. O restaurante esta montado onde acreditamos outrora ter sido uma casa, com ambientes bem divididos e nem sempre muito funcionais para sua atual função. Se de um lado a sensação de privacidade é ampliada, especialmente quando tudo em sua volta esbanja uma eficiente simplicidade, doutro o atendimento do local tem trabalho dobrado para conseguir manter um agradável ritmo e eficiência, coisa que, já adiantamos, o Don Pasquale consegue fazer com facilidade.
Prato do festival: Risoto à Don Pasquale: Delicioso risoto com aromas do mediterrâneo acompanhado de frutos do mar selecionados que resultam em um incomparável sabor:
Preço: R$68,00
Um prato muito, muito bem servido. Montado sobre um arroz ótimo, de bom ponto, firme porém ainda assim suculento, o prato começava muitíssimo bem. Ainda que pouco cremoso para os olhos de um verdadeiro mineiro, as proporções de frutos do mar eram mais que o suficiente para qualquer pessoa se esquecer completamente de tudo. O prato era literalmente um mar de camarões perfeitamente graúdos, consideravelmente frescos para minas e maravilhosamente suculentos, ostras, lulas e finalmente mexilhões. Um verdadeiro exagero muito bem preparado que mantinha todas as diferentes carnes individualmente num ótimo ponto. Para completar o arroz e saborizar o todo, um molho de peixe maravilhoso fazia dos grão sozinhos um verdadeiro delírio, perfeito pra qualquer amante das iguarias ali dispostas.
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